9 de julho de 2011

Matem ele, por favor.

A música era linda, uma melodia triste mas linda, e ela inundava todos os cantos daquele movimentado estabelecimento. Mas ninguém reparava na triste melodia, estavam todos conversando e bebendo, havia fumaça de cigarros, risos, brindes e comemorações, todos estavam entretidos com suas vidas cheia de surpresas e felicidade, não havia porque reparar na melodia, mesmo que ela fosse uma linda melodia. Mas havia lá alguém que reparara na música, e percebera toda a melancolia que ela carregava e não era muito diferente do que ele sentia e sempre sentiu todos esses anos.
Lá estava o infeliz, no meio de todas aquelas pessoas normais, sentindo-se uma falha ambulante, bebendo para fugir da sua prórpia condenação, enquanto esperava e torcia para que aquele fosse o último dia de sua vida vazia e desafortunada. Assim como com a música, ninguém reparara nele e isso passou a ser trivial para aquele infeliz, e toda a desilusão de uma vida desperdiçada e fracassada, lhe acompanhava a cada passo trêmulo e incerto. Pobre infeliz, não gostaria de estar no lugar dele.
E ele existia, não que essa fosse a vontade dele, mas existia, e suplicava por uma chance, apenas uma, mas ela nunca veio... Pobre infeliz, esmagado pelos seus prórpios sonhos, quem imaginaria?
E agora vejo com clareza, o infeliz era e continua sendo eu, todo esse interminável tempo.

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