29 de dezembro de 2010

Perguntas, novidades e lembranças

Me perguntaram se as coisas que posto aqui realmente aconteceram comigo, na verdade ninguém perguntou, ninguém lê isso aqui mesmo... Mas continuo escrevendo.
Nem tudo que escrevo aqui aconteceu comigo, mas geralmente possuem um fundo verdadeiro. Seria como aquelas teorias de conspiração, todo mundo sabe que não é verdade, mas fazem sentido, tem um pouco de verdade naquelas mentiras absurdas.
Fiquei inteirado de algumas novidades nesses últimos dias, não que ninguém já soubesse, é que essas novidades demoram a chegar aos meus ouvidos, e apesar de serem antigas, fico abismado com elas. Repetências, escolha de nomes, namoros e outras coisas, tudo isso está sendo lentamente digerido por mim agora.
Todas essas novidades me fizeram lembrar do passado, um passado até que distante mas ainda vivo. Vôlei, um solinho fácil no violão, um anel com um símbolo hippie, recuperação de matemática, 3502, Cidade Nova, Sagrada Família, índios, seguir para deixa-la em casa e depois voltar para o rumo certo, gravidez e etc.
Essas coisas já deviam ter morrido, mas ainda me atormentam nas madrugadas de insônia.

26 de dezembro de 2010

Algo errado

Desastre #1

O dia para ele estava fodidamente normal. Estava quente, como sempre. Ele estava atrasado, como sempre. As coisas tinham dado errado, como sempre e etc. Tudo estava desastrosamente normal. E isso era bom? Ele não sabia.
Seguia ele então, fodido, na normalidade de mais um dia desagradável (como todos), e ia a pé, graças a mais um infortúnio, mas não ligava muito, iria fazer algo que o agradava e isso deixava as coisas menos piores.
Caminhava tranquilamente, mesmo que atrasado, o trânsito estava caótico, então transporte coletivo estava fora de cogitação, e fazia muito calor, se andasse rapidamente, transpiraria demais, e isso, de certo modo, estragava as coisas.


Desastre #2

Mas era ele, as coisas tinham que piorar. Apesar de andar tranquilamente, transpirara, e muito. E era longe, devido ao peso extra que estava carregando, ele cansara. Mas havia uma luz no fim do túnel, e ele estava caminhando na direção dela, e isso o fazia um pouco mais feliz.

Desastre #3

Chegara ao seu destino, ensopado, mas chegara. Adentrou ao local e percebeu que havia algo errado naquele suposto dia normal. Ela não estava sorrindo, nem o cumprimentara normalmente, não havia luz e seus olhos estavam levemente marejados, então ela queixou-se, sim, ela queixou-se, e isso era muito estranho, afinal "She talks to birds, she talks to angels,she talks to trees, she talks to bees, she don't talk to me", mas ela queixou-se. Falara de muitas coisas, família, escola, um outro alguém, infortúnios e infortúnios, e ele prestava atenção em tudo, e estava ensopado de suor, não podia se quer abraça-la, e isso o incomodava.

Desastre #4

Ele prestara atenção em tudo, mas a parte em que ela falava sobre outra pessoa o incomodara mais, afinal, havia fracassado novamente, e de novo sem ter ao menos chegado perto ou tentado algo. Então despertou nele toda aquela melancolia e o sentimento de derrota que lhe apertavam o peito e lhe davam um nó na garganta.

Desastre #5

Ficara arrasado, ela fora embora e ele continuara no recinto. Mas todos aqueles sentimentos persistiam, resolveu beber e fumar, como um bom fracassado que já desistira das coisas. Assim que pôde deixar o local, seguiu em direção ao ponto de ônibus, começava a ventar e a garoar, o ônibus chegou, ele deu sinal, logo que o motorista abriu as portas, ele entrou no veículo, pagou a passagem e sentou-se sozinho em um dos bancos, quando finalmente chegou ao seu destino, chamou o garçom, ele veio com uma cerveja gelada e um copo, tirou um maço de cigarros de palha da mochila.


Desastre #6

Bebeu e fumou.






Obs: Como podem perceber ontem foi o natal, eis aqui o meu presente para vocês  -> "O Bobo da Morte no Globo da Côrte" é um blog de um amigo meu, façam uma boa leitura.

19 de dezembro de 2010

Fracassado

Lá estava aquele pobre rapaz, seu mundo estava desabando, mas continuava lá, já perdera todas as batalhas, mas continuava insistindo em reconstruir seu castelo sabendo que ele será destruído de novo.
Burrice? Talvez. Ele, apesar de todos os infortúnios, ainda acreditava em moinhos, sim, grandes moinhos, acreditava em casais felizes tomando sorvete e acreditava que as coisas melhorariam.
Mas as coisas não estavam melhorando, na verdade, nunca melhoraram, e isso já começava a chateá-lo.
Estava desistindo, isso estava estampado em sua cara, mas a cara era dele e, como sempre, ninguém percebia, afinal era ele. Quem se importa com o que ele pensa? Ele da "bom dia", "boa tarde" e "boa noite" sempre com um sorriso forçado estampado em sua cara, tão forçado que qualquer um perceberia que estava cumprimentando um derrotado.
Ele já mal conseguia sentir o gosto das coisas que comia, comia agora só para se manter vivo, e nem mesmo conseguia entender o porquê de se manter vivo. Mas continuava vivo, ainda.

Boa noite
=)

17 de dezembro de 2010

O mocinho perdedor

As lojas já estavam sendo fechadas ao chegar do crepúsculo, somente os saloons continuavam abertos, sempre ocupados por pessoas de índole duvidosa, com toda sua jogatina, bebidas e putas tristes.
Ao fim da rua principal, podia-se avistar um homem sobre seu cavalo, trajava-se como um homem normal numa cidade no velho oeste, um chapéu preto, já desbotado graças ao tempo de uso, uma camisa xadrez, um sobretudo preto e um jeans azul, surrado. Acabara de tomar algumas cervejas, não a ponto de ficar bêbado, e acendia um cigarro de palha que havia preparado enquanto estivera bebendo.
A cidade estava pouco movimentada, apenas os comerciantes fechando suas lojas, aventureiros errantes, mendigos e alguns cidadãos circulavam nela, fora os animais esfomeados e sem lar.
Enquanto cavalgava em seu cavalo, apreciava seu cigarro de palha, esse fora sem dúvida um dos melhores já feitos por ele, e apesar de ser uma coisa besta, sentia orgulho disso.
Apesar da sua desatenção com tudo que não fosse seu maravilhoso cigarro artesanal, pôde perceber o momento exato em que aquela senhorita fora assaltada por uma daquelas pessoas de índole duvidosa que frequentavam os saloons. Ele a conhecia, ela morava na terceira casa após a igrejinha da cidade, filha de um pobre comerciante, viciado em uísque e pôquer , não devia ter mais de um metro e setenta de altura, ela era uma moça bonita, isso era inegável.
Tomado pelo impulso de seus sentimentos, galopara atrás do assaltante, o cano do seu revólver roçava irritantemente sua perna, não conseguia pensar nas consequências que seus atos poderiam causar, apenas ouvia os gritos desesperados de sua amada. E ele estava se aproximando, o assaltante a essa altura, já percebera que estava sendo alcançado, sacara então seu revólver, era um Colt .45 Peacemaker, e antes que nosso herói atrapalhado pudesse perceber, fora alvejado por três tiros. Caira do cavalo.
Os encarregados de mantar a paz naquela cidadezinha seguiram o assaltante a galope, levantando uma nuvem de poeira a cada movimento que o cavalo fazia, ao passarem pelo nosso herói, estirado no chão, sujaram-o com a poeira. Pobre diabo, estava triste, ferido e agora sujo.
Ele demorava para focar a visão,como se estivesse completamente bêbado, mas não estava, estava à beira da morte, mas não bêbado, olhara ao seu redor reconhecia alguns rostos na multidão que o cercou, um deles era o daquela pequena garota, pela qual ele arriscara sua vida.
Esticara sua mão para ela, tremia incontrolavelmente.
"Dê-me um beijo" balbuciara com a boca levemente suja de sangue e poeira. Ela entendera as últimas palavras daquele pobre homem, com uma expressão de pena e nojo estampada em seu rosto, lhe deu às costas.
Com as lágrimas doendo mais que os buracos abertos em seu peito, ele morreu.

15 de dezembro de 2010

O Pêssego


Um pêssego suculento
No eterno lamento
De se apodrecer ao relento

12 de dezembro de 2010

Estranho no ninho

Ela alçara voo
O sol já derramava um vermelho sangue no horizonte
Fora um dia quente, como qualquer dia de verão
Nuvens acinzentadas começavam a aglomerar-se no céu
Dando um ar, um tanto quanto nostálgico, àquele fim de tarde

Ela alçara voo
O ninho estava vazio, não havia filhotes, ovos nem penas
Já começava a cair os primeiros pingos de chuva
Quando ele voltou
Trazia sementes, deliciosas sementes, escolhidas minunciosamente
Ele havia saído cedo, enquanto ela dormia
Vagou em lugares distantes, queria agrada-la com um banquete
Não era uma data especial
Quando se é um pássaro, os dias são todos iguais
Mesmo assim, preparava um banquete, mas

Ela alçara voo
Talvez estivesse na praça, refrescando-se na pequena fonte
Foi o que ele pensou antes de começar a cantarolar, chamando-a
Era a mesma melodia que ele cantara quando se conheceram
Não obteve resposta
Também não conseguia localiza-la, do alto da árvore
No centro exato daquela praça
A única certeza que possuía era de que a chuva apertara
Estava encharcado, o banquete parecia agora, ironicamente, uma sopa de legumes
Já era noite
Ela não voltara

O Herói, o Vilão e o Monstro parte II

Primeiramente gostaria de pedir desculpas pela demora, venho pedir desculpas também por ter desistido de escrever a parte II. Não devia ter desistido, tinha coisas importantes, pelo menos para mim, a falar nesse post, porém desistir é algo que eu venho fazendo com certa frequência e isso não é bom.