29 de outubro de 2011

Corvos ao meu redor

E as borboletas que brincam ao seu redor
Também me visitam
E se transformam em corvos
Me trazendo notícias de você
Falando de como você estava linda naquele dia
De que você estava preocupada com o horário
E de como seria a hora certa
Pra lhe abraçar, dar um beijo em sua testa
E falar que tudo daria certo
Essas informações têm seu preço
Eles querem um pagamento
E me torturam infinitamente
Enquanto rasgam minha esperança com suas garras
E arrancam pedaços da minha felicidade com seus bicos
Eles me trazem mais notícias
E me falam que você está feliz
Isso alivia todas as dores.


27 de outubro de 2011

Estações

E eu prometi a mim mesmo que cuidaria de você
Mesmo que não perceba, estou ao seu redor

Sou eu quem fecha as janelas do seu quarto
Para que você não se molhe
Enquanto lá fora cai a chuva
Matando a sede das flores
Para que elas tentem acordar
Tão bonitas quanto você
Em mais uma manhã de primavera

Sou eu quem lhe assopra o rosto
De maneira incessante
Causando essa brisa refrescante
Enquanto você dorme sob o calor
De mais uma noite de verão

Sou eu quem retira as folhas secas
Do seu lindo cabelo
Depois de você ter dançado
Com as folhas que caem
E são levadas com o vento
Numa linda tarde de outono

Sou eu quem lhe coloca
Mais um cobertor
Para que você não acorde com frio
Nessa gelada noite de inverno

Sou eu quem lhe guardou
Dentro do meu coração
Para que nada de mal lhe aconteça


22 de outubro de 2011

De que vale a pena continuar, se o mundo já desabou?

De que vale a pena sonhar, se a verdade nos corrói?
De que vale a pena tentar, se o fracasso é certo?
De que vale a pena investir, se não haverá retorno?
De que vale imaginar o futuro, se não aguentamos mais o presente?
De que vale todo esse esforço, se não estamos felizes?
De que vale querer tentar, se não nos dão uma chance?
De que vale acreditar, se é tudo mentira?
De que vale o amor, se ele não é correspondido?
De que vale a esperança, se as coisas não vão melhorar?
De que vale a vida, se somos infelizes?
De que vale a vida, se somos infelizes?
De que vale a vida, se somos infelizes?

21 de outubro de 2011

Nadando em gotas

Eu comprei uma guarda chuva
Pra te proteger
Da chuva que cai sem parar
Onde você estivesse, lá estaria eu
Com meu guarda chuva
Te protegendo de todo o mal
Conservando seus sonhos
E seu futuro brilhante
Da chuva que leva toda nossa felicidade









E lá estava a chuva de novo
Mas agora não tinha problema
Eu te protegeria
Então eu me arrumei
Te faria uma surpresa
Dessa vez você não molharia
A chuva não te castigaria
Com seus pingos sufocantes
Então te avistei
Embaixo de uma marquise
Imaginei eu que era esperando a chuva passar
Me enchi de esperança
Então apareceu outra pessoa
Com outro guarda chuva
E te levou
E eu fiquei a nadar nas gotas da chuva.

19 de outubro de 2011

Again

Eu estraguei tudo
E por puro egoísmo
Construí castelos e fiz planos
Fiz de tudo para que você ficasse feliz
Sem saber se era o que você queria
E realmente não era o que você procurava
Então todo o meu trabalho foi em vão
Como tem sido todos esses longos anos
De dias cinzentos e desesperançosos
Passo agora meus dias desfazendo
Todo esse meu trabalho falho que fiz
Sabendo que não ouvirei mais suas risadas
Porque até isso eu consegui destruir
É uma pena que tenha terminado assim
Como todas as outras vezes.

18 de outubro de 2011

Sentimentos invisíveis

Talvez eu seja invisível
E talvez esse seja o motivo de você não se preocupar comigo
Você nunca me viu
E certamente não imagina o que sinto por você
Ou talvez você quer que eu seja invisível
E me atropela como se eu não estivesse ali
Fazendo com que eu recolha os cacos do meu destruído coração
Enquanto fico achando que não quis fazer por mal
Então eu decido partir
Vou para caminhos inimagináveis
E não receberão notícias minhas
Porque lá eu realmente serei invisível
E não haverá dor
Não haverá vida
Não haverá eu
Adeus.

14 de outubro de 2011

Nossas crianças

Nós matamos nossas crianças.
Nos transformamos em monstros.
Elas só queriam que fôssemos felizes,
E nós as decepcionamos.
Elas só esperavam que alcançássemos nossos sonhos
Mas os destruímos, um por um
Como se não nos importássemos com eles
Como se eles não fossem nossa motivação para continuar
Contaminamos a todos com nossas mãos.
Mãos vazias e sem esperança,
Que balançam descompassadamente,
Em busca de um apoio.
Nós matamos nossas crianças,
Nós nos matamos
E foi por puro desgosto.


10 de outubro de 2011

Dançando sob a luz da lua

Eu poderia ter voltado para a minha casa
Mas você estava tão bonita naquela noite
Você dançava com seus sapatos novos
E sussurrava coisas no ouvido de outro alguém
Enquanto a lua te iluminava como um holofote natural
Tinha tanto para lhe dizer
Mudar tudo ao menos uma vez
Mas não consegui me mexer
Você estava tão feliz com sesus sapatos novos
E eu repetindo em pensamento que estava tudo bem
Você dançando
Eu afundando
Mas estava tudo bem
Fui um erro para você
Mas estava tudo bem
Você chamando por outra pessoa
Mas estava tudo bem
E você ficava dançando sob a luz da lua, enquanto eu afundava
E estava tudo bem

Tic tac

Falharei com o prazo.
Tive mais de 18 anos para conseguir,
Besteira minha achar que tudo se resolveria em dois meses.
Mas eu acreditei,
E tudo desmoronou.
No pouco tempo que me resta,
Procuro esperança nos escombros,
Das coisas que nem mesmo acredito mais.
Meus sonhos se perderam no tempo,
Juntamente com minha felicidade e minha vontade.
Fico à espera do meu fim,
E torço para que algo dê certo dessa vez,
Nem que seja meu crepúsculo.

6 de outubro de 2011

Corações e varandas

Velhas varandas vazias.
Varandas desgastadas. Assim como a esperança
de quem nela aguarda.
Varandas solitárias. Assim como a certeza
de que com a hora tardia ela não virá.
Varandas esquecidas. Assim como os desventurados,
que passam noites acordados esperando um suspiro final.
Velhos corações vazios.
Desgastados, solitários e esquecidos
Assim como o meu.


E ele veio de você


E eu te protegia de todas as facadas
Mesmo que elas me machucassem, eu recebia elas no seu lugar
Saber que você estava bem me curava de qualquer corte
Mas teve um golpe que eu não suportei
E ele veio de você

Então se instalou o desespero.
E ele trouxe a solidão e a tristeza como companhia
Não havia mais eu, apenas um imenso vazio
E uma pedra em cima do meu coração
Vagando sem rumo, eu insistia em continuar vivo
Mesmo que por dentro eu já tenha morrido há muito tempo
Meu corpo ainda se movia
Até que um dia ele se quebrou
E o vento cuidou de espalhar os cacos
Para que ninguém se lembrasse mais de mim.


4 de outubro de 2011

E então você voou.

Estávamos confusos
Perdidos e tristes
Você estava aflita com o que havia feito
Eu estava angustiado com toda a minha vida
Nós nos ajudávamos
Divertíamos por horas seguidas
E independente de tudo eu lhe desejava uma boa noite
Como se essas simples palavras te protegessem de todos os perigos do mundo
Eu estava arrumando as coisas
Dessa vez daria certo, eu lhe faria muito feliz
E então você voou.

1 de outubro de 2011

Primeiro adeus.

Então chegamos ao fim. Continuar é estupidez.
Minha jornada termina aqui, mesmo que o trem continue seguindo adiante é aqui que eu fico.
Tudo foi um grande desastre, não tenho mais vontade de lutar.
Não há mais cor, apenas um cinza desbotado e sem vida que me acompanha por onde eu queira ir.
Respirar é um sacrifício. Acordar me faz perceber que ainda estou vivo e que terei que respirar e sobreviver por mais um longo e depressivo dia e que irei dormir desejando não acordar no dia seguinte, como sempre faço.
E toda esperança sumiu, como se fosse água sendo carregada nas mãos. Não acredito mais que alguma coisa mude Talvez tenha sido uma grande ignorância ter escolhido sonhos impossíveis, para mim, como companheiro de desventuras. Esses sonhos sempre me diziam que uma hora as coisas melhorariam, e como um cego eu tolamente acreditei.
Agora percebo que toda minha vida foi um grande desperdício.
Não há salvação.
Adeus.