17 de dezembro de 2010

O mocinho perdedor

As lojas já estavam sendo fechadas ao chegar do crepúsculo, somente os saloons continuavam abertos, sempre ocupados por pessoas de índole duvidosa, com toda sua jogatina, bebidas e putas tristes.
Ao fim da rua principal, podia-se avistar um homem sobre seu cavalo, trajava-se como um homem normal numa cidade no velho oeste, um chapéu preto, já desbotado graças ao tempo de uso, uma camisa xadrez, um sobretudo preto e um jeans azul, surrado. Acabara de tomar algumas cervejas, não a ponto de ficar bêbado, e acendia um cigarro de palha que havia preparado enquanto estivera bebendo.
A cidade estava pouco movimentada, apenas os comerciantes fechando suas lojas, aventureiros errantes, mendigos e alguns cidadãos circulavam nela, fora os animais esfomeados e sem lar.
Enquanto cavalgava em seu cavalo, apreciava seu cigarro de palha, esse fora sem dúvida um dos melhores já feitos por ele, e apesar de ser uma coisa besta, sentia orgulho disso.
Apesar da sua desatenção com tudo que não fosse seu maravilhoso cigarro artesanal, pôde perceber o momento exato em que aquela senhorita fora assaltada por uma daquelas pessoas de índole duvidosa que frequentavam os saloons. Ele a conhecia, ela morava na terceira casa após a igrejinha da cidade, filha de um pobre comerciante, viciado em uísque e pôquer , não devia ter mais de um metro e setenta de altura, ela era uma moça bonita, isso era inegável.
Tomado pelo impulso de seus sentimentos, galopara atrás do assaltante, o cano do seu revólver roçava irritantemente sua perna, não conseguia pensar nas consequências que seus atos poderiam causar, apenas ouvia os gritos desesperados de sua amada. E ele estava se aproximando, o assaltante a essa altura, já percebera que estava sendo alcançado, sacara então seu revólver, era um Colt .45 Peacemaker, e antes que nosso herói atrapalhado pudesse perceber, fora alvejado por três tiros. Caira do cavalo.
Os encarregados de mantar a paz naquela cidadezinha seguiram o assaltante a galope, levantando uma nuvem de poeira a cada movimento que o cavalo fazia, ao passarem pelo nosso herói, estirado no chão, sujaram-o com a poeira. Pobre diabo, estava triste, ferido e agora sujo.
Ele demorava para focar a visão,como se estivesse completamente bêbado, mas não estava, estava à beira da morte, mas não bêbado, olhara ao seu redor reconhecia alguns rostos na multidão que o cercou, um deles era o daquela pequena garota, pela qual ele arriscara sua vida.
Esticara sua mão para ela, tremia incontrolavelmente.
"Dê-me um beijo" balbuciara com a boca levemente suja de sangue e poeira. Ela entendera as últimas palavras daquele pobre homem, com uma expressão de pena e nojo estampada em seu rosto, lhe deu às costas.
Com as lágrimas doendo mais que os buracos abertos em seu peito, ele morreu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário