12 de dezembro de 2010

Estranho no ninho

Ela alçara voo
O sol já derramava um vermelho sangue no horizonte
Fora um dia quente, como qualquer dia de verão
Nuvens acinzentadas começavam a aglomerar-se no céu
Dando um ar, um tanto quanto nostálgico, àquele fim de tarde

Ela alçara voo
O ninho estava vazio, não havia filhotes, ovos nem penas
Já começava a cair os primeiros pingos de chuva
Quando ele voltou
Trazia sementes, deliciosas sementes, escolhidas minunciosamente
Ele havia saído cedo, enquanto ela dormia
Vagou em lugares distantes, queria agrada-la com um banquete
Não era uma data especial
Quando se é um pássaro, os dias são todos iguais
Mesmo assim, preparava um banquete, mas

Ela alçara voo
Talvez estivesse na praça, refrescando-se na pequena fonte
Foi o que ele pensou antes de começar a cantarolar, chamando-a
Era a mesma melodia que ele cantara quando se conheceram
Não obteve resposta
Também não conseguia localiza-la, do alto da árvore
No centro exato daquela praça
A única certeza que possuía era de que a chuva apertara
Estava encharcado, o banquete parecia agora, ironicamente, uma sopa de legumes
Já era noite
Ela não voltara

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