26 de dezembro de 2010

Algo errado

Desastre #1

O dia para ele estava fodidamente normal. Estava quente, como sempre. Ele estava atrasado, como sempre. As coisas tinham dado errado, como sempre e etc. Tudo estava desastrosamente normal. E isso era bom? Ele não sabia.
Seguia ele então, fodido, na normalidade de mais um dia desagradável (como todos), e ia a pé, graças a mais um infortúnio, mas não ligava muito, iria fazer algo que o agradava e isso deixava as coisas menos piores.
Caminhava tranquilamente, mesmo que atrasado, o trânsito estava caótico, então transporte coletivo estava fora de cogitação, e fazia muito calor, se andasse rapidamente, transpiraria demais, e isso, de certo modo, estragava as coisas.


Desastre #2

Mas era ele, as coisas tinham que piorar. Apesar de andar tranquilamente, transpirara, e muito. E era longe, devido ao peso extra que estava carregando, ele cansara. Mas havia uma luz no fim do túnel, e ele estava caminhando na direção dela, e isso o fazia um pouco mais feliz.

Desastre #3

Chegara ao seu destino, ensopado, mas chegara. Adentrou ao local e percebeu que havia algo errado naquele suposto dia normal. Ela não estava sorrindo, nem o cumprimentara normalmente, não havia luz e seus olhos estavam levemente marejados, então ela queixou-se, sim, ela queixou-se, e isso era muito estranho, afinal "She talks to birds, she talks to angels,she talks to trees, she talks to bees, she don't talk to me", mas ela queixou-se. Falara de muitas coisas, família, escola, um outro alguém, infortúnios e infortúnios, e ele prestava atenção em tudo, e estava ensopado de suor, não podia se quer abraça-la, e isso o incomodava.

Desastre #4

Ele prestara atenção em tudo, mas a parte em que ela falava sobre outra pessoa o incomodara mais, afinal, havia fracassado novamente, e de novo sem ter ao menos chegado perto ou tentado algo. Então despertou nele toda aquela melancolia e o sentimento de derrota que lhe apertavam o peito e lhe davam um nó na garganta.

Desastre #5

Ficara arrasado, ela fora embora e ele continuara no recinto. Mas todos aqueles sentimentos persistiam, resolveu beber e fumar, como um bom fracassado que já desistira das coisas. Assim que pôde deixar o local, seguiu em direção ao ponto de ônibus, começava a ventar e a garoar, o ônibus chegou, ele deu sinal, logo que o motorista abriu as portas, ele entrou no veículo, pagou a passagem e sentou-se sozinho em um dos bancos, quando finalmente chegou ao seu destino, chamou o garçom, ele veio com uma cerveja gelada e um copo, tirou um maço de cigarros de palha da mochila.


Desastre #6

Bebeu e fumou.






Obs: Como podem perceber ontem foi o natal, eis aqui o meu presente para vocês  -> "O Bobo da Morte no Globo da Côrte" é um blog de um amigo meu, façam uma boa leitura.

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