4 de julho de 2011

Havia vida lá

Havia vida naquele bosque. Longe das crianças que se lambuzavam com as doces frutas que nascem por lá. Ninguém sabe como ele chegou lá, aparentemente , até as árvores evitavam aquele local, e eu mesmo não as condeno. Apesar de toda a agonia impregnada em cada centímetro daquele local, esquecido até pelo nosso generoso Senhor, havia vida lá.
Alguns dizem que era um homem, que aprendeu a conviver com o infortúnio de sua vida amarga e infeliz, outros dizem que era um monstro no corpo de um humano. Eu mesmo não se o que ele era, mas ele existia. Os moradores mais próximos do bosque, chegavam até a escutá-lo, era um lamento interminável que se repetia diariamente, nas noites geladas que temos aqui.
Era deprimente vê-lo... Olhando um mundo que simplesmente não conseguia fazer parte, e nos olhos dele, via-se o desespero, um pedido suplicante de socorro e que nós não socorremos, isso me atormenta em todas as noites de insônia.
E assim se passaram anos, ninguém sabe o tempo ao certo, a cada dia que se passava, mais desesperado ele ficava e mesmo assim, não o salvamos. Então, em mais um dia banal da primavera, ele estava balançando com o vento, pendurado por uma corda que lhe quebrara a coluna vertebral, e eu me lembro... Havia um bilhete, amassado e molhado, pelas suas lágrimas, acredito eu, e no bilhete dizia "Eu só precisava de uma chance, não desapontaria vocês, era tudo que eu necessitava... Uma chance, uma chance..."
Apenas uma chance...

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