Havia vida naquele bosque. Longe das crianças que se lambuzavam com as doces frutas que nascem por lá. Ninguém sabe como ele chegou lá, aparentemente , até as árvores evitavam aquele local, e eu mesmo não as condeno. Apesar de toda a agonia impregnada em cada centímetro daquele local, esquecido até pelo nosso generoso Senhor, havia vida lá.
Alguns dizem que era um homem, que aprendeu a conviver com o infortúnio de sua vida amarga e infeliz, outros dizem que era um monstro no corpo de um humano. Eu mesmo não se o que ele era, mas ele existia. Os moradores mais próximos do bosque, chegavam até a escutá-lo, era um lamento interminável que se repetia diariamente, nas noites geladas que temos aqui.
Era deprimente vê-lo... Olhando um mundo que simplesmente não conseguia fazer parte, e nos olhos dele, via-se o desespero, um pedido suplicante de socorro e que nós não socorremos, isso me atormenta em todas as noites de insônia.
E assim se passaram anos, ninguém sabe o tempo ao certo, a cada dia que se passava, mais desesperado ele ficava e mesmo assim, não o salvamos. Então, em mais um dia banal da primavera, ele estava balançando com o vento, pendurado por uma corda que lhe quebrara a coluna vertebral, e eu me lembro... Havia um bilhete, amassado e molhado, pelas suas lágrimas, acredito eu, e no bilhete dizia "Eu só precisava de uma chance, não desapontaria vocês, era tudo que eu necessitava... Uma chance, uma chance..."
Apenas uma chance...
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