5 de fevereiro de 2011

Café, veneno e desistencia I

Acordara transpirando e cansado em mais uma manhã quente de verão.
Arrastou-se, como um condenado dirigindo-se à forca, mas ele não iria morrer, não ainda, seguia apenas para a cozinha. Precisava tomar café, era um pobre diabo viciado em cafeína, e como todo viciado, necessitava da sua substância. Esperava pacientemente a água ferver sentando em um banco solitário, esquecido em um canto da cozinha perto da geladeira, percebendo que a água já começara a ferver, deu continuidade àquele processo rotineiro que fazia toda manhã para alimentar seu vício. O cheiro de café sendo preparado invadia-lhe as narinas, causando-lhe um prazer bestial.
Ligara o computador com esperança de que haveria algo novo, de que alguém lembraria dele naquele dia fútil e quente, estava com a mesma esperança idiota que as pessoas adquirem quando apostam na loteria, ele sabia disso, sabia também que nunca fora alguém marcante nos locais que frequentava, parecia até mesmo que era um coadjuvante em sua própria vida, mas tinha essa esperança, e logicamente se abalou-se  ainda mais quando notou que novamente não lembraram dele. Passou o dia assim, sentado em frente ao computador, em meio de músicas e jogos idiotas em flash, esperando que alguém percebesse que ele sempre esteve lá, parava apenas para engolir alguma coisa quando a fome lhe apertava. Sentia o nó na garganta apertando e começara a tremer involuntariamente cada vez mais ao passar das horas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário